A importância de iniciativas de conscientização e o cenário mundial de saúde mental pré e pós-pandemia

O que é “Janeiro Branco”?

Normalmente, janeiro é um mês reservado para fazermos reflexões sobre nossas vidas como um todo: nossas relações, o que passamos e, claro, o que queremos para o nosso futuro. Foi em uma dessas resoluções que surgiu a ideia do “Janeiro Branco”, um movimento que busca construir uma cultura sobre saúde mental na sociedade.

Através de palestras, oficinas, cursos, workshops, entrevistas, lives, caminhadas e rodas de conversa, a iniciativa vem tentando mostrar para os brasileiros que a saúde mental precisa ser mais discutida e que a população precisa se sentir mais à vontade para procurar ajuda sobre questões psicológicas.

Por que essa discussão é muito importante para o Brasil?

Poucas pessoas sabem disso, mas o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o país com maior prevalência de depressão da América Latina, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Somente no primeiro ano da pandemia, com o impacto emocional das perdas familiares, o sentimento de medo, a falta de socialização e a instabilidade financeira, a prevalência de ansiedade e depressão aumentaram 25% em todo o mundo, de acordo com mais um levantamento feito pela OMS.

Isso mostra como a saúde emocional da população brasileira precisa ser uma pauta mais discutida dentro da esfera da saúde pública. Mesmo com uma procura maior por psicólogos depois do início da pandemia, ainda existem muitas lacunas acerca do tema no país.

O que esperar para os próximos anos

Com dados tão alarmantes e impossíveis de serem ignorados, muitos países começaram a se posicionar e a incluir saúde mental e apoio psicossocial como uma das medidas de resposta à Covid-19.

O agravamento devido à pandemia é inegável. É preciso entender que o aumento dos problemas de saúde mental coincidiu com graves interrupções nos serviços de saúde, deixando enormes lacunas no atendimento, principalmente relacionados a condições mentais, neurológicas e de uso de substâncias químicas.

“As informações que temos agora sobre o impacto da COVID-19 na saúde mental do mundo são apenas a ponta do iceberg”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Este é um alerta para que todos os países prestem mais atenção à saúde mental e façam um trabalho melhor no apoio à saúde mental de suas populações”.

Depois do pronunciamento e hoje, com a crise sob controle, muitas pessoas continuam incapazes de obter os cuidados e o apoio de que precisam para condições de saúde mental pré-existentes e recém-desenvolvidas, criando a necessidade urgente de disponibilizar ferramentas digitais confiáveis e eficazes e de fácil acesso.

Prevenção e tratamento

Regionalmente, no Brasil, é possível ver ações de conscientização lideradas por psicólogos e por governos locais, como o próprio Janeiro Branco. Cada vez mais, essas iniciativas de mostram essenciais para a população visto a ineficiência das lideranças.

Durante esse período é muito importante prestar atenção no que estamos sentindo e nas mudanças dos que estão próximos a nós. É preciso desconstruir crenças, preconceitos e tabus que em nada ajudam a prevenir ou superar a depressão. Aceitar que você ou alguém que você conhece talvez precise de ajuda é o primeiro passo para lidar com a situação e, procurar a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, o primeiro passo para o tratamento.

“Identificar questões relacionadas à saúde emocional é necessário para que possamos buscar ajuda, pois as oscilações emocionais estão relacionadas à qualidade de vida, ao bem-estar e ao nosso equilíbrio. Portanto, é importante entender os sintomas dos seus desequilíbrios, suas complicações e a forma de lidar com os possíveis problemas”, disse a psicóloga Marleide Oliveira.